A FDSBC relembra e celebra os momentos vividos de seus ex-alunos, com o quadro de memória da FDSBC, onde compartilhamos histórias de pessoas que integram a trajetória da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo.
O bate-papo foi com a ex-aluna Rogéria Gieremek, formada pela turma de 1987, Advogada, Mestre em Direito, Presidente das Comissões de Estudos de Compliance da OAB/SP e do IASP, Embaixadora do CWC – Compliance Women Committee, Integrante dos Conselhos Consultivos da Alliance for Integrity e da Rede Brasil do Pacto Global da ONU e Saia Fundadora do Jurídico de Saias.
Confira abaixo a conversa completa.
FDSBC: Quando você decidiu que iria cursar Direito?
Rogéria: Aos três anos de idade. Não sabia nem o que era, mas tinha certeza de que seria advogada. Eu assistia ao programa aos domingos, com minha avó materna e havia um quadro chamado “Você é o Juiz”. Mas eu queria mesmo era ser advogada! Nunca tive dúvidas. Nunca mudei de ideia!
F: Por que escolheu a Direito São Bernardo?
R: Meu tio paterno se formou na faculdade, eu sabia que era excelente, era perto de casa e o valor era bastante razoável.
F: Como foi passar no vestibular da FDSBC?
R: Eu me recordo de a minha mãe me acordar bem cedo, com o jornal na mão, e o meu nome estava na lista: passei em 5º lugar no Matutino! Para mim, foi uma enorme conquista, eu tinha feito Magistério, no Américo Brasiliense, e tinha muito medo de não passar no vestibular, por não ter estudado física, química, biologia. Eu fui muito bem em português, redação e inglês. Agradeço muito a uma amiga, Sônia Paletta, à época professora da Cultura Inglesa, que foi em casa me dar umas aulas de tradução, que era o que caía na prova. Ela me passou um texto para traduzir e ficou ao meu lado enquanto eu o fazia. O nome do texto era “The Mistake” (O Erro). E qual foi o texto que caiu, poucas horas depois, naquela mesma noite, para traduzir? THE MISTAKE! Sempre tive boa memória e, então, tudo ficou fácil para mim! Foi a primeira grande conquista de que me recordo na vida!
F: Como foram os anos vividos aqui?
R: Foram anos incríveis e eu levei a faculdade muito a sério. Saía de casa com o Código Civil debaixo do braço, “me achando”. Sempre gostei de estudar e o curso me encantou desde o primeiro momento.
F: O que pode destacar desse período?
R: Destaco o aprendizado, mesmo. O mundo que se abriu para mim graças ao conhecimento. Tive a sorte de ter professores incríveis, como o professor Aniceto, Prof. Baraúna, Prof. Botallo.
F: Quais foram os professores que marcaram sua trajetória?
R: Os que mais me marcaram foram os acima mencionados, e, dentre eles, destaco o professor Botallo. Ele me deu aula de Prática Forense e, numa manhã de sábado, falou sobre a Ação Renovatória de Aluguel, alertando que poderia cair na prova da OAB, realizada na própria Faculdade, à época. Prestei muita atenção e… no dia do exame, adivinhem o que caiu, em Civil? Ação Renovatória de Aluguel. Eu escutava a voz do professor Botallo falando “faça assim, ponha este valor na causa e explique porque optou por ele, dentre outras possibilidades”, etc. Tem quem ache que foi sorte. Eu acho que foi Deus!
F: Do que sente mais falta da época dos estudos?
R: Da despreocupação com os temas da vida. Os professores diziam: o mais difícil é o sexto ano, quando vocês não estiverem mais na faculdade. Verdade absoluta!
F: E as amizades? Ainda tem contato?
R: Fiz amigos que mantenho até hoje, inclusive uma colega de turma, a Regina Haddad, trabalha comigo, atualmente.
F: Como a Direito São Bernardo contribuiu para sua carreira?
R: Enormemente. A base que eu carrego vem dos anos vividos na São Bernardo, que aperfeiçoei no meu Mestrado, mais tarde, na PUC/SP.
F: O que a Direito São Bernardo significa para você?
R: Significa o começo de tudo. Sou muito grata à Faculdade!
F: Conte um pouco da sua trajetória profissional.
R: Eu comecei a trabalhar no BANESPA, por concurso público, no terceiro ano da Faculdade e não pude fazer estágio. Trabalhei no escritório da Drª. Maria Cecília Lobo, sem remuneração, para aprender mesmo e, mais tarde, no meu próprio escritório. Depois disso, trabalhei em casa, bem na época do Plano Collor. Com quatro anos de formada, prestei concurso interno para advogada do Banco e passei, lá fiz toda a minha carreira. Saí depois de 16 anos, para ser Gerente Jurídica da Serasa S/A (atualmente Serasa Experian). Fiquei 14 anos cuidando de tudo o que não fosse Contencioso Cível e Trabalhista. O resto era comigo! Em 2009, o Compliance entrou em minha vida e eu me apaixonei perdidamente. Em 2011, fui convidada para inaugurar essa área na empresa. Em 2014, passei a exercer uma função global e, em 2015, assumi como Global Chief Compliance Officer do Grupo LATAM Airlines, onde estou até hoje.
F: Quais são os desafios de trabalhar no ramo jurídico?
R: Você tem de estudar a vida inteira, se atualizar, se reinventar, como em todas as áreas. Não dá para achar que já sabe tudo, ainda mais num País como o nosso, em que as leis são constantemente alteradas.
F: Hoje, o que o Direito representa para sua vida?
R: O Direito é a minha base e me possibilita uma análise muito clara das situações que me aparecem, ainda que eu não atue mais como advogada.
F: Conte sobre seu trabalho com o Compliance. Como foi começar a trabalhar nessa área?
R: Eu queria “algo mais”, queria sentir que fazia diferença no mundo. E descobri isso no Compliance, a gente pode ajudar a mudar o ambiente de negócios de uma empresa, de um país e do Planeta!
F: Fale-nos sobre a criação e como funciona o projeto ”Jurídico de Saias”.
R: O Jurídico de Saias, do qual sou Saia Fundadora, é um grupo formado por 1.500 advogadas de empresas, com a missão de ajudar, tanto profissional quanto pessoalmente. Assim, a gente pede indicação de babá na Vila Mariana e de advogado especializado em propriedade intelectual na China, ao mesmo tempo. Quando fui contratada neste último emprego e meu atual chefe me perguntou qual era o meu diferencial para a vaga, eu disse: meu networking!
Reportagem: Estagiária da Comunicação Social – Jessica Rocha