Despedida do Ministro Sidnei Beneti do STJ
29 de agosto de 2014, sexta-feira.
(Retirada de matéria veiculada no Migalhas, em 20 de agosto de 2014)
O Ministro Sidnei Beneti, ex-professor da Direito São Bernardo, despediu-se da toga do Superior Tribunal de Justiça, no último dia 21 de agosto, após atingir a compulsória, em sessão plenária da Corte Especial, marcada por grandes emoções.
A Ministra Nancy Andrighi, colega do homenageado na 3ª turma e na 2ª seção, foi a responsável pelas palavras em nomes dos demais colegas ao “querido amigo e irmão”.
Visivelmente emocionada, Nancy lembrou a trajetória de Sidnei Beneti, “desde os primórdios um agente da inovação dos e nos processos”, a forte veia literária do ministro e sua participação como legislador nas comissões de reformas, entre outros, da lei de execução penal e da mediação. Pela OAB, discursou o advogado Celso Moria, orador da Turma de 1968 da Faculdade de Direito da USP, onde o ministro Beneti bacharelou-se.
Ao tomar a palavra, o ministro Beneti evocou a dor em despedir-se. “Tive alegrias imensas ao julgar, mas também sofri ao ver o padecimento de partes e advogados diante de decisão desfavorável.”
A hercúlea produtividade do ministro, lembrada por Nancy Andrighi, foi comentada pelo mesmo. Sidnei Beneti deixa o STJ com 1.890 processos conclusos, um dos menores acervos dos gabinetes. Em menos de sete anos no STJ, Beneti proferiu mais de 109 mil decisões – uma média de mais de 15 mil processos por ano.
Natural de Ribeirão Preto/SP, Beneti deu início à carreira na magistratura em 1972, quando tomou posse como juiz na comarca de Rio Claro. A família o acompanhou sempre ao longo de diferentes comarcas, depois na capital, SP, e por fim no STJ, quando chegou em 12/12/07 na vaga do ministro Carlos Alberto Menezes de Direito.
“Me aposento devido ao limite de idade imposto pela CF, caso contrário sem dúvida permaneceria. Mas não há aposentadoria do afeto e da amizade. Saio desta sala acompanhado de meus funcionários, que peço me conduzam em devolução aos meus familiares, que aqui me aguardam. Amanhã não serei mais juiz. Essas togas, a de ministro e a de desembargador do TJ/SP, serão guardadas e conservadas. Meus familiares um dia me vestirão com elas na despedida derradeira.” Emocionado, Sidnei Beneti deixou a Corte Especial sob intensos aplausos, para encontrar a família e dezenas de amigos que o aguardavam ansiosos.